Pontos de venda em Brasília

As livrarias listadas a seguir serão as primeiras de Brasília a receber o Arqueolhar. De acordo com informações da Distribuidora Arco-Íris, todas essas livrarias terão o livro a partir de segunda-feira, 3 de outubro. Sugiro aos amigos e interessados que telefonem antes para se informar, e solicito encarecidamente que me comuniquem imediatamente qualquer dificuldade ou contratempo. Usem o telefone 9673-2334, o e-mail alexandre.marino [arroba] click21.com.br, ou simplesmente a caixa de comentários abaixo do texto. Agradeço a todos.

Café com Letras / 203 Sul
3322-4070, 3322-5070
Cotidiano / 201 Sul
3224-3439
Entrelivros / 406 Norte
3202-0010
Esquina da Palavra / 406 Norte
3039-7979
Livraria da Rodoviária
3224-9808, 3224-9850
Livraria do Chico / UnB-Minhocão
3307-3254
Nobel / Gilberto Salomão
3364-5457
Nobel / Pátio Brasil
3224-5294, 3321-9012
Quiosque do Ivan / Conic
3225-2832

Um cenário









O cenário acima é a Praça da Matriz de Passos, terra natal deste escriba e locação, às vezes real, às vezes imaginária, dos poemas do livro Arqueolhar. É uma bela cidade, apesar dos atentados em nome de um suposto progresso. A foto acima, por exemplo, foi feita de forma que as árvores escondessem um edifício horroroso, que sufoca o belo visual da igreja.

Sempre um Papo

Próximo evento na agenda: lançamento do Arqueolhar em Belo Horizonte, dia 24 de outubro, segunda-feira, na sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, no Projeto Sempre um Papo. E muito bem acompanhado: Luiz Turiba, que lançará seu Bala. Beleza!

A festa!

Festas são feitas de ausências inesperadas e presenças surpreendentes. Foi assim o lançamento de Arqueolhar em Brasília, ontem, no Café Martinica. Alguns amigos aguardados não apareceram, por razões circunstanciais. No entanto, houve muitas presenças improváveis, amigos escondidos mostraram a cara, pessoas se ofereceram a novas amizades. Muita gente, muita gente mesmo, passou pelo Martinica entre as 18h, antes do horário marcado, até por volta de 1h, já dia 28, quando saímos. Lá esteve o poeta Fernando Mendes Vianna, com seu brilho especial; Anderson Braga Horta chegou a ser visto, mas logo desapareceu; Ronaldo Cagiano também passou rapidamente. Velhos amigos das redações de jornal, como Márcia Turcato, Antonio Marcello, João Alberto, Ney Flávio, Gilson Euzebio, Marba Furtado. Uma reunião inusitada: a turma de Passos, que eu não via há anos - Rosângela, Willian, Anival, Paulo Amaury, Urbano e o violonista Eustáquio Grilo. Vamos promover novos encontros! Vera Americano me emocionou com os comentários sobre alguns poemas. Caloro representou os amigos do Liga Tripa, agora em fase internacional, em turnê pela Espanha. Marcelo Sahea, que eu só conhecia virtualmente, trouxe dois simpáticos presentes: seu livro Carne Viva e um poema, rascunhado num guardanapo, inspirado na leitura do Arqueolhar. Pepê Rezende, editor do Pensar, caderno semanal do Correio Braziliense. Taisa atrasou, mas não faltou. Sérgio de Sá, autor do texto de orelha do livro, interrompeu os preparativos de sua mudança para a Argentina. Sylvia Cintrão, Luís Martins, Margarida Patriota, Angélica Torres. Velhos amigos, Wande e Julie. Ganhei também, do Salomão Sousa, um exemplar da Revista da Academia Brasiliense de Letras. Fiquei feliz com a presença da Carmen Luiza. Aninha e Ricardo Pedreira, que já havia lido o livro e escreveu a respeito na Roteiro Brasília. E o pessoal do Centro de Documentação da Câmara, especialmente a Kátia, que levou flores amarelas em nome dos amigos da Ceate. Fernando Marques, Ronaldo Fernandes, Wilson Rossato, Joilson, Jules Queiroz... Kido Guerra, que renovou a proposta para tomarmos uma Westmalle. O pessoal da Tia Nana e o sempre impagável Vinicius, com a Adriana e o Octávio, que deu uma canjinha de violão no final da festa. O pessoal da LGE. E o povo do Martinica, especialmente Joel e Adeildo - e, é claro, Capeta, atração turística de Brasília. Ufa! Se você leu até aqui, deve estar sem fôlego. E a maioria das pessoas presentes eu nem citei. Mas agradeço a todos.

É hoje!

Estarei logo mais, a partir das 19h, lançando Arqueolhar no Café Martinica, na 303 Norte. Quem estiver em Brasília, apareça. Quem estiver fora, pegue um avião e apareça também... Quem não puder vir, aguarde. Novos lançamentos estão sendo programados. Agradeço a presença de todos, e àqueles que prestigiarem o evento espero retribuir com boa poesia.

Roteiro Brasília

O jornalista Ricardo Pedreira publicou na revista Roteiro Brasília, edição 82, uma belíssima matéria sobre Arqueolhar. Leiam a seguir.

Arqueologia poética
Uma inspirada viagem pelo tempo e pela memória

O jornalista e poeta Alexandre Marino conta que seu quarto livro de poesias, Arqueolhar, começou a surgir numa viagem que fez à cidade natal, Passos, em Minas Gerais. Ele resolveu fotografar pessoas, objetos, ruas, casas - tudo o que lhe lembrava a infância e a adolescência. Veio então idéia de juntar essas imagens e poemas num livro em que faria uma espécie de "arqueologia poética". Mas depois, numa sábia decisão, entendeu que devia publicar apenas os poemas.

Poderia ser um livro muito bonito, com poemas e fotos dialogando entre si. Mas as imagens acabariam por "contaminar" os poemas, influenciando e - quem sabe - empobrecendo sua leitura. É que a poesia de Alexandre é tão vigorosa e rica que merece ser lida apenas dessa forma - como poesia.

Para muita gente, literatura é a mais nobre das artes por ser aquela que melhor instiga a imaginação, que abre um campo de possibilidades, que mais nos leva a criar junto com o autor. E a poesia seria o supra-sumo da literatura, por dar às palavras significados infinitamente mágicos, de riquíssima diversidade, que potencializam sua beleza.

Assim, mais do que qualquer outra manifestação artística, cada poema é uma experiência única para cada pessoa. Isso, naturalmente, só acontece com poesia de qualidade, aquela em que as palavras, o ritmo e a sonoridade se somam num conjunto a serviço da emoção, que estabelece um fio encantado com o leitor.

É o que faz o Arqueolhar de Alexandre Marino.
A arqueologia trabalha nas várias camadas do solo para investigar o passado. A arqueologia poética de Alexandre não olha apenas o passado, mas busca nas várias camadas e dimensões da memória a percepção que ele tem do mundo. É uma viagem muito pessoal em que o leitor embarca levado pela emoção que transborda das palavras.

A passagem do tempo - intangível e misterioso - e a força imaginativa da memória são a matéria prima do livro. Diz ele num poema: "Diante do espelho, o reflexo/do relógio da sala:/o tempo corre inverso/e a si mesmo devora./Digere meu pensamento/e o que resta é memória".

Quando olhou no espelho, Alexandre não buscou o reflexo, mas a reflexão. Neste seu quarto livro, o poeta está maduro, no pleno domínio da técnica a serviço da emoção. As lembranças da cidade, da família e da infância são elementos para uma tentativa de entendimento da vida e do mundo.

Arqueolhar é poesia na veia e chega rápido ao coração. Será lançado no dia 27 de setembro, a partir das 19h, no Café Martinica. Chegue lá e veja o que nos diz o poeta: "Ninguém sabe a história inteira./Evocam-se vazios invulneráveis./O tempo é feito de destroços".

Poema

O poema que se segue foi publicado, com grande destaque, na contracapa do caderno Pensar, do Correio Braziliense deste sábado, 24/09. Agradeço aos editores e perdôo um pequeno erro: a ausência de um verso, na quinta estrofe.

Arqueologias

As infinitas casas dentro de uma casa.
Incontáveis cômodos, entre corredores
e labirintos.
Passagens secretas,
quartos abandonados,
paredes falsas
por onde fantasmas navegam seus instintos.


No banheiro, sinais de uma presença
sem testemunhas.
Um nome proibido e seu vazio.
O perfume de sabonete Labas
e a gastura de fincar-lhe as unhas.


As gavetas onde o pai esconde as amantes,
uma flor seca entre as páginas do caderno,
as janelas invisíveis
onde mãe e filhas se debruçam para sonhar,
uma bola que nunca mais voltou à terra
e um muro que limita três mistérios.


E há outra casa e dentro ainda outra,
onde plange um violão doente de cupins,
um violão que se atira ao quintal
em noites de vendaval,
abre cordas e peito à ventania
e desperta um morto no jardim
para a última cantoria.


Mas há outras casas, e outras
enterradas sob a alvenaria,
onde se ouve o amor dos gatos no porão
e seus ecos no coração de uma tia
em eterna vigília no fogão,
enquanto chegam as notícias
à mesa da cozinha.


E no guarda-roupas do último quarto,
um espelho esclerosado
reflete sorrisos senis de crianças mortas,
na escuridão do dia ensolarado.


Ainda entre as paredes de outra casa escondida,
uma cortina veste o rosto da senhora arrependida,
e no oratório, santos expiam culpas
ouvindo confissões das filhas de Maria.


Mas há outras sombras soterradas
sob os alicerces de tantas epigamias,
entre ladrilhos rotos e canteiros d´alface,
jabuticabas maduras e rosas ressecadas,
o cão de guarda farto de fobias.


Sob a terra, vermes se embriagarão
com os restos da adega feita em lágrimas
e os suores de mortais enquanto vivos.


Não haverá poças após as chuvas,
frutas a colher, pássaros nos fios.
Não vou chorar pelo tombo na escada.
Não haverá escadas.
Haverá o espanto dos arqueólogos
ao desenterrar
entre choros
o meu sorriso
.


Um poema


Velho barco

Mensageiro dos deuses da chuva,
onde navegará o velho barco
enlouquecido de notícias
que zarpou
sob a primeira tempestade?


Cargueiro de promessas e pecados,
lotados os porões daquilo que me afoga,
ousará o velho barco,
à deriva de outros sonhos,
salvar do naufrágio
o néscio navegante?




Prefácio [1]

Arqueolhar tem prefácio assinado a quatro mãos por Maria Esther Maciel e Floriano Martins, que abordam alguns aspectos do livro e de minha poesia num texto em forma de diálogo.

O trecho que se segue é de Floriano.

“O livro não se descuida um só momento da forma, do esmero com a linguagem, de seu embate com os abismos rítmicos e o bailado da versificação. O mais cativante é que nenhum dos objetos de sua construção é refém dos demais, que não há um imperativo de destaque, seja do argumento, da forma, do ritmo, seja do passado, do presente, do futuro. Apenas aparentemente o livro se organiza dentro do olhar, pois o faz com todos os sentidos.”

Poeira e diversão

Há cerca de cinco anos ocorreu-me a idéia de fuçar em antigos baús abandonados, retirar de lá alguns pedaços perdidos de infância, velhos esqueletos, bichos hibernados, caminhos esquecidos. Começou assim a grande aventura de planejar e escrever o Arqueolhar. Transformei em poesia o meu gosto pela poeira. E para aguçar meu olhar míope, ainda mais que era brumoso o território a observar, fiz mais de uma centena de fotografias de gentes, recantos, pedras, brinquedos velhos, amuletos, apetrechos, instrumentos. E essas imagens também se fizeram poesia. Mas nada de saudade. Foi uma escavação arqueológica. Arqueólogos sentem saudade dos objetos que desenterram? Poetas também não. Poetas se divertem.

Lançamento!!!!!!!!

Arqueolhar terá sua primeira festa de lançamento em Brasília no dia 27 de setembro, terça-feira, a partir das 19h, no Café Martinica (CLN 303, bloco A, loja 4, Asa Norte, tel. 3326-2357 ou 3327-6608).

Anote em sua agenda! Sua presença é muito importante.

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