TERRA SANGRIA

 Poemas para uma terra que sangra

Novo livro do poeta Alexandre Marino aborda os desastres de um país doente

Terra Sangria é o oitavo livro de poemas de Alexandre Marino, mineiro de Passos (1956) e residente em Brasília. Jornalista e escritor, trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense, entre outros. Começou na literatura ainda adolescente, quando publicou contos e poemas na revista mimeografada Protótipo, que criou e editou ao lado de outros escritores em sua cidade natal. A revista obteve repercussão nacional.


Terra Sangria 
tem capa de Guilherme Peres, apresentação de Maria Valéria Rezende e prefácio de Mariana Ianelli. Lançado pela Editora Penalux, onde o livro já pode ser adquirido, em breve estará em algumas livrarias e outros pontos de venda.  

Os poemas de Terra Sangria são “a expressão de um tempo sufocante, em que se perderam a saúde, a sanidade e as saídas”, como diz o próprio autor na orelha do livro. Tendo vivido sob a ditadura militar, primeiro na adolescência, depois como estudante de jornalismo em Belo Horizonte, e posteriormente ao exercer a profissão, Marino continua acreditando na poesia como “ferramenta contra o pesadelo”. Foi sob essa perspectiva que nasceu o livro. 

Criado durante o confinamento devido à pandemia e sob a tensão de um governo fascista, o livro reflete o momento. “Meu coração dança no fio da navalha / porque sabe que o caminho é árido. / às vezes me canso de pestes e barbáries / e não sei se sou eu ou ele quem falha.” 

A escritora Maria Valéria Rezende observa: “Agora, como nunca na História, está claro que nós, os humanos, temos de escolher se nos autodestruímos ou se sobrevivemos.” Esse ambiente de caos é o cenário da maior parte dos poemas de “Terra Sangria”, como em “Vapores rubros”: “Revoltos rios voadores / viajam entre deuses e anjos / e envolvem a Terra em brumas. / É tempo de tempestades / sobre as sobras da humanidade.” 

A escritora Mariana Ianelli observa que “estrelas se inflamam, agonizam e morrem. Bússolas enlouquecem. ‘Tudo é rápido e demorado’. E ‘escombros são mais que escombros’. Assim a poesia. Mais que legado, mais que vestígio, palavra com poder de fogo, mesmo se diga que ‘um poema é apenas um poema’, como que para não lhe saltar do papel nem arma nem cadafalso.” 

Será Terra Sangria essa terra consabida de desastres onde temos vivido nos últimos tempos?, pergunta Mariana Ianelli. Para o poeta, a lapidação da poesia é tarefa dolorosa, “que paradoxalmente traz o alívio de todas as dores.” Essa lapidação, para Marino, também depende do leitor, que com seu gesto de cumplicidade lhe dará continuidade. E assim a poesia torna o diálogo possível. 

Terra Sangria
Alexandre Marino
Editora Penalux, SP, 2022
R$ 42,00 

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