LIVROS E PANETONES

Encerrada no último domingo, 29 de novembro, a Feira do Livro de Brasília teve um balanço melancólico. Durante a primeira semana, segundo a Câmara do Livro do DF, recebeu 25 mil visitantes. O número total nem foi divulgado - esperava-se 300 mil visitantes. "Esperava-se" é força de expressão. Obviamente, ninguém esperava isso, depois da desorganização e falta de planejamento, que ficaram evidentes.

A agenda de convidados
foi fechada no dia da inauguração - e todos os autores de fora tiveram sua vinda cancelada. Exceção apenas para Ziraldo, um dos homenageados. O outro foi Reynaldo Jardim, que mora em Brasília. O gaúcho Marcelo Carneiro da Cunha só soube que não viria mais porque sua editora pediu à organização da feira uma posição oficial sobre a viagem do escritor.

A culpa de tamanha desorganização é da diretoria da Câmara do Livro, que não fez qualquer planejamento e esperou por verba oficial, e do governo do DF, que não dá a mínima para qualquer evento na área da cultura e é incapaz de perceber a importância que teria uma feira de livros realmente bem feita e organizada.

Bem, depois das investigações da operação Pandora, da Polícia Federal, é possível compreender melhor a política no DF, e saber por que a política cultural simplesmente não existe.

Cultura, para o governo do DF
, é qualquer coisa que traga turistas a Brasília. Por isso querem comemorar os 50 anos da cidade, em 21 de abril do ano que vem, com Paul McCartney ou Madonna, e não com artistas de todo o Brasil reunidos aos de Brasília, numa grande festa de congraçamento.


Com a crise instalada no governo do DF, que poderá levar ao impedimento do governador José Roberto Arruda, percebe-se o que está por vir. Se ele pelo menos tivesse distribuído livros ao invés de panetones...

Brasil, capital Brasília.