O POEMAÇÃO VEM AÍ

Um dos mais aguardados eventos da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (BIP), o Poemação, começa a tomar forma. Na noite de ontem (quarta-feira, 30), começamos a definir como será a apresentação dos poetas nas noites de 4, 5 e 6 de setembro no Café Martinica.

O Poemação será realizado, nessas datas, em vários espaços da cidade - Balaio Café, Rayuela, Livraria Café com Letras, Café Savana, Bistrô Bom Demais, entre outros. No Café Martinica, o Poemação reunirá poetas-jornalistas, alguns também músicos, como Anand Rao e Ivan Sérgio. Também poderão ser incluídos, nessas apresentações, poetas convidados da Bienal vindos de outras cidades.

Na foto que ilustra esta postagem, quatro poetas que participarão do Poemação no Martinica: Ariosto Teixeira, Ivan Sérgio, Carla Andrade e este que lhes escreve.

Vamos em frente. Tudo indica que a BIP será o maior evento de poesia que a cidade já viu.

EVENTOS EM BRASÍLIA

Alguns eventos culturais previstos para o próximo fim de semana (24/25/26 de julho), em Brasília:

Pingos de Chuva - Noite de música e poesia, com Carla Andrade, Anand Rao e Luísa Peters. No Rayuela, 412 sul, bloco B, subsolo, a partir de 21h do dia 24, quinta-feira.

Latinidades: uma nação, dois países e sete artes - A Embaixada da Venezuela e o Fotoclube f/508 inauguram exposição binacional de fotografias na quinta-feira, 24, às 19h. Participam 14 fotógrafos (sete venezuelanos, seis brasileiros e um representante do cruzamento - um venezuelano que mora no Brasil). A Embaixada da Venezuela - em cujo salão as obras permanecerão até 7 de agosto - está situada no Setor de Embaixadas Sul, Avenida das Nações, quadra 803, lote 13, Brasília. O horário de visitas será das 9h às 12h, e de 15h às 17h. As visitas monitoradas podem ser agendadas pelo número 3347.3985

Meu Nome Agora é Jaque - Eltânia André, escritora mineira de Cataguases, convida para o lançamento do livro de contos Meu Nome Agora é Jaque. Será na sexta-feira, 25 de julho, a partir das 19h, no Martinica Café, 303 Norte, Bloco A, (3326-2357).

FLIP: IMPRESSÕES DE UM VISITANTE

A festa é intensa, o motivo justo: celebrar a literatura e aqueles que lhe dão sentido, escritores e leitores. O cenário é um sonho, não poderia ser mais literário; Paraty, cidade histórica do litoral fluminense. Sua população, de menos de 30 mil pessoas, recebeu cerca de 20 mil visitantes entre 2 e 6 de julho, e ainda conseguiu ser hospitaleira. Mas, ainda que tomada por essa multidão, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em sua sexta edição, continuou elitista. Julgue-se pelos altos preços de todos os serviços, incluindo os da própria Flip, a começar pelos R$ 25,00 do ingresso de cada palestra. E quem pagou R$ 25,00 pelo show de abertura, com Luís Melodia, deve ter se arrependido, pois quem não pagou viu do mesmo jeito, só que do lado de fora da cerca.

Não faltaram turistas estrangeiros, que puderam entrar em contato com algo que muitos deles adoram – a vocação brasileira para a esculhambação. O anfiteatro montado para o público permanecia fechado até o momento marcado para o início das palestras, e a fila crescia lá fora. Depois, privilegiados e “acompanhantes” entravam na frente e ocupavam os melhores lugares. Os convidados estrangeiros apresentavam-se com seriedade, mas alguns brasileiros pareciam ter sido convocados à última hora para participar de algo que nem sabiam direito o quê era. Foi o caso do crítico de arte Rodrigo Naves, que caiu de pára-quedas em meio ao evento. “Tenho 53 anos e só publiquei um pequeno livro de contos”, disse ele. “Não sei se sou escritor, isso não é uma coisa bem resolvida para mim.” Participante da mesa “Formas Breves”, com o brasileiro Modesto Carone e o alemão Ingo Schulze, parecia tonto. Modesto Carone tentou improvisar uma pergunta para Schulze que ninguém entendeu. Restou ao público ouvir o alemão narrar suas experiências de escritor nascido na Alemanha Comunista, testemunha da queda do Muro de Berlim.

Uma das pérolas da esculhambação foi proporcionada por Carlos Augusto Calil, mediador da mesa que reuniu Schulze, Carone e Naves. “Formas breves”, definiu ele, “são aqueles textos curtos, ideais para quem não tem tempo a perder com literatura e abre brechas no seu tempo para leituras rápidas.” Sem comentários...

Não foi o único caso de mediador que tentou aparecer mais do que os palestrantes. Manuel da Costa Pinto chegou a ouvir protestos do público, na mesa que teve os italianos Alessandro Baricco e Contardo Calligaris. Ángel Gurria-Quintana por várias vezes tentou impedir o colombiano Fernando Vallejo de disparar sua verve polêmica, na mesa que promoveu seu encontro com o holandês Cees Noteboom.

A sexta edição da Flip contou com novo diretor de programação, Flávio Moura, que não se deu ao trabalho de trazer qualquer poeta para a festa. Literatura, para ele, parece ser apenas ficção. Houve muita badalação, elogios, aquelas coisas. Representantes das principais editoras brasileiras estavam lá, talvez para conferir se os nomes que indicaram participaram de fato. Era o caso da Companhia das Letras e da Cosac-Naify, entre os patrocinadores da festa. Assim como a Folha de S. Paulo, cujos colunistas, cada um mais chato que o outro, ocuparam várias mesas.

Mas a Flip não frustrou o público. O crítico e ensaísta Roberto Schwarckz fez a abertura da festa com uma brilhante conferência sobre o homenageado deste ano, Machado de Assis. Ele mostrou que a obra do escritor nada tem de conservadora. Ao contrário, Machado era um crítico da sociedade de seu tempo, que tentava convertê-lo em seu aliado, e somente após a descoberta de sua obra por estudiosos estrangeiros ele pôde ser melhor compreendido em sua terra.

A psicanalista francesa Elizabeth Roudinesco fez uma interessante palestra sobre a perversão, com base em livro publicado recentemente, que aborda o comportamento doentio de personagens clássicos da literatura, como Dorian Grey, do livro de Oscar Wilde. O escritor colombiano Fernando Vallejo, polêmico e irônico, previu que a palavra “fome” será banida dos dicionários brasileiros pelo “seu presidente, gordinho e contente” e distribuiu farpas a suas costumeiras vítimas – o papa, a Colômbia, etc, etc. O holandês Cees Noteboom falou de suas viagens ao redor do mundo, de onde retira a riqueza de seus personagens.

Houve outros autores dignos de nota, mas também é preciso falar do casario de Paraty, da paisagem, da Serra do Mar, de sua gente simpática, do Teatro de Bonecos, do Armazém da Cachaça, do Bombom da Maga, do restaurante Banana da Terra e seus pratos feitos com esmero, da moqueca vegetariana do Arpoador e do restaurante Grão da Terra e sua deliciosa cozinha vegetariana, grande descoberta. E dos passeios às praias do Sono e de Trindade. A Flip foi uma experiência proveitosa. Paraty é sempre um convite à volta.

FESTIVAL PREMIA 'OS PÁSSAROS'

O poema Os pássaros de Bagdá, deste escriba, foi classificado em terceiro lugar no Festival de Poesia Falada de Varginha, realizado no dia 28 de junho. O vencedor foi Reginaldo Costa de Albuquerque, de Campo Grande, e em segundo lugar ficou Eder Rodrigues da Silva, de Belo Horizonte. Ana Maria Gilli Martins, de São Paulo, ganhou o prêmio de interpretação.

Integraram o júri do Festival o professor e poeta Messias Israel Balboni, de Poços de Caldas (MG); o escritor e professor Moacyr Vallim Filho, de Varginha, e Adolfo Maurício Pereira, advogado e ex-prefeito de Cruzília (MG).