Tramas

É hoje a abertura de Tramas, exposição do artista plástico Gomes de Souza na Marcos Caiado Galeria de Arte, em Goiânia. Sempre surpreendente e inquieto, Gomes recicla alguns de seus trabalhos antigos, alguns com mais de 10 anos, retalhando-os com estilete, destruindo e reconstruindo, renovando. Gomes, agora, é mais artesão que artista plástico: recorrendo a materiais como couro de boi, plásticos, borrachas e papéis, e os próprios filetes que sobreviveram de suas obras recicladas, dá vida nova ao antigo. O resultado são imagens como esta, ricas em efeitos de óptica. A galeria fica na rua 1136, número 56, no Setor Marista, e a abertura é às 20h. Visitação até dia 13 de junho.

O Globo em Cannes

A atriz paulista Sandra Corveloni, protagonista de Linha de Passe, filme de Walter Salles e Daniela Thomas, deve ter ficado com essa expressão desconsolada ao ler a capa do Caderno 2 do O Globo de sábado. A matéria de Rodrigo Fonseca, reverente e bajuladora, apresentava um perfil da atriz Angelina Jolie, e a anunciava como virtual vencedora da Palma de Ouro do Festival de Cannes. Segundo o repórter, não havia concorrência. Sandra Corveloni, paulista? Nem pensar.
Acontece, é bom que se diga, que Angelina Jolie era a atriz principal de um concorrente hollywoodiano - The Exchange, de Clint Eastwood.
Bem, aconteceu o que Fonseca não esperava. O júri de Cannes premiou Sandra Corveloni. Melhor atriz do Festival.
Na segunda-feira, de ressaca moral, Rodrigo Fonseca anunciou os premiados e escreveu um pequeno box, com um tímido perfil da brasileira vencedora. No texto da matéria principal, ele falou que "Audácia é o adjetivo ideal para descrever as decisões do júri" (sic).
Qualquer dicionário da Língua Portuguesa que você consultar esclarecerá que "audácia" é um substantivo, não um adjetivo. Mas para saber disso os bons redatores não precisam consultar dicionário algum. O repórter estava mesmo atordoado.
Jornalismo colonizado, reverente ao cinema hollywoodiano. Não tem conserto.

Ainda é tempo

O Festival de Poesia Falada de Varginha (MG) recebe inscrições até a próxima terça-feira, 20, valendo o carimbo dos correios no envelope. Varginha tem 116 mil habitantes e fica a 320 quilômetros de Belo Horizonte, no sul de Minas. A cidade ganhou fama folclórica com aquela história do "ET de Varginha", mas para os poetas, especialmente os mineiros, o vínculo é outro.

O Festival de Poesia Falada é uma tradição. O prêmio é pequeno, mas para quem tem tempo e disposição para a viagem, vale a participação e a visita. Nos anos 70 e 80, a cidade era tomada por uma caravana dessas figuras estranhas, vindas principalmente de Belo Horizonte. Por lá passaram Pascoal Mota, Fritz Teixeira de Salles, Antonio Barreto, Geraldo Reis, Henry Correa de Araújo, grandes nomes da poesia mineira, revelados nas páginas do heróico e histórico Suplemento Literário do Minas Gerais, cria de Murilo Rubião.

Agora que a poesia volta a ganhar força de expressão no país, é bom saber que Varginha entra novamente no circuito. O Festival recebe até três poemas por autor até a próxima terça-feira, seleciona 20 até o dia 6 de junho e realiza a noite de apresentação no dia 28 de junho, sábado. O regulamento completo e a ficha de inscrição podem ser acessados aqui.