Festival de Poesia em São Paulo

De 30 de outubro a 4 de novembro, com entrada franca, o público de São Paulo (e quem estiver lá) vai acompanhar debates, performances, palestras, recitais e tudo o que pintar sobre poesia. Com patrocínio da Caixa, o Festival Tordesilhas se divide em vários, que acontecerão em diferentes espaços da cidade.
A lista de participantes é grande - Cláudio Daniel, Micheliny Verunsk, Glauco Mattoso, Wilson Bueno, Paulo Ferraz (Brasil); Rodrigo Flores, Alberto Trejo, Mário Bjórquez (México); Alfredo Fressia, Victor Sosa, Roberto Echavarren (Uruguai); além de muitos outros poetas destes países e da Argentina, Chile, Portugal, Paraguai, Guatemala, Peru...
Que o projeto Tordesilhas tenha longa vida - quem sabe, no ano que vem? - e sirva de inspiração a outras cidades, grandes e pequenas, para eventos semelhantes.
Para mais informações sobre o Festival Tordesilhas, clique aqui.

Rivera no Painel Brasil

As traduções de poesia francesa, italiana e espanhola, entre outras línguas, feitas por José Jeronymo Rivera são bem conhecidas dos leitores, e já foram elogiadas por grandes nomes da crítica e da tradução. Ele publicou 12 livros e tem mais dois prontos para lançamento - um, do belga Émile Verhaeren, traduzido no Brasil unicamente por ele; outro, do espanhol Pedro Salinas. Em entrevista a Angélica Torres, no Painel Brasil, Rivera defende a fidelidade ao texto original e fala sobre seu trabalho e parceiros em traduções de autores como Victor Hugo, Paul Valery, Baudelaire, Mallarmé, Aloysius Bertrand, entre outros. Uma conversa interessante, transmitida pelo site de informação Painel Brasil.

Novas opiniões sobre a Bienal de Poesia

O jornalista e escritor Jason Tércio, que vive em Brasília, contesta algumas opiniões emitidas na postagem anterior. A seguir, algumas colocações dele sobre a futura (torçamos!) Bienal Internacional de Poesia de Brasília e a Feira do Livro:

"A Feira é realizada no melhor espaço possível numa cidade cujo comércio e fluxo de pessoas se encontra quase exclusivamente em shopping." Tércio se diz contra isolar feiras e bienais (como no Rio) em lugares distantes;

Para ele, dizer que "público de shopping não é, por definição, público leitor" é "visão estereotipada, preconceituosa e rançosa";

Os motivos da pouca leitura são estruturais e históricos, lembra Tércio. Por isso, prossegue, "deveria haver feira de livro não só em shopping, mas em supermercado, em boate, em farmácia, em festa rave, em boteco, calçada, enfim, todo lugar", lembrando que o que estimula a leitura é política de governo, preço mais baixo, incentivo nas escolas etc;

Tércio acha que a Bienal de Poesia pode até ser realizada simultaneamente com a Feira, mas também por uma questão de espaço, não no Pátio Brasil. Ele sugere o Teatro Nacional, que tem três boas salas e espaço para os poetas venderem seus livros;

"Não considero como opção aquele monumento natimorto chamado Biblioteca Nacional, que é um belo bolo embolorado por dentro", afirma;

E continua: "Esperar que a poesia promova 'um mundo menos mercantilista e mais humano' é atribuir responsabilidade demais à poesia. Poetar é um ato lúdico."

Leia
aqui todas as notas e informações sobre a Bienal Internacional de Poesia de Brasília publicadas neste blog.

Uma Bienal de Poesia em Brasília?

Anuncia-se para setembro do próximo ano a I Bienal Internacional de Poesia de Brasília, com o patrocínio da Biblioteca Nacional (leia-se Secretaria de Cultura do DF, pois a Biblioteca, juridicamente, não existe) e da Câmara do Livro do DF. O evento, de acordo com os organizadores, trará escritores, críticos e leitores (importante! Se trouxé-los, será sucesso) do Brasil e outros países para participar de leituras, conferências, debates, concursos, oficinas, exposições e apresentações públicas de todos os tipos.

Trata-se, em princípio, de uma grande notícia e é bom que comecemos a discuti-la. Portanto, todo o espaço necessário neste blog está, desde já, disponível para isso.

A primeira questão que me ocorre é a intenção de promovê-la "junto com a Feira do Livro de Brasília", um evento de responsabilidade da Câmara do Livro. Atenção: a Feira do Livro tem acontecido há vários anos em espaço absolutamente inadequado, o shopping Pátio Brasil, movido pela intenção de levar para a feira as pessoas que circulam por lá. Ora, público de shopping center não é, por definição, público leitor, embora seja, também por definição, público consumidor. Logo, uma Feira do Livro em shopping center não estimula necessariamente a leitura, embora estimule o comércio de livros.

A Feira do Livro de Brasília é um evento com intenções acima de tudo comerciais, e é preciso cuidado para não contaminar a BIP com esses propósitos. Posso parecer arrogante e purista, mas defendo que seria melhor caracterizar tal evento de poesia como um momento de contemplação, reflexão e apreciação da arte poética; uma grande confraternização de artistas que lutam, cada um em seu país, sua cidade, sua região, por um mundo menos mercantilista e mais humano; enfim, uma grande reunião de criaturas questionadoras que, ao desequilibrar a "normalidade" social, tornam o mundo um pouco mais equilibrado.

É claro que haverá venda de livros e é bom que um grande público compareça ao evento e os livros circulem bastante, como conseqüência natural de um evento de sucesso.

Contra o vínculo à Feira do Livro, um outro argumento: dois eventos que se pretendem grandes não podem acontecer juntos, ao mesmo tempo, pois fatalmente um sufocará o outro. No caso, é evidente que a Poesia sairá perdendo.

Também é importante que a organização já vacine a Bienal de Poesia, desde já, contra uma das mais graves doenças do mundo cultural brasileiro: a falta de continuidade. Em 1998, foi realizada, com grande sucesso, a I Bienal de Poesia de Belo Horizonte. Mas, como não aconteceu outra, ela desmentiu a si mesma - deixou de ser bienal - e foi lamentavelmente esquecida.

Leia aqui todas as notas e informações sobre a Bienal Internacional de Poesia de Brasília publicadas neste blog.

Cassiano, boa viagem

O poeta e professor Cassiano Nunes morreu nesta segunda-feira, 15, aos 86 anos, em Brasília. Natural de Santos (SP), Cassiano era professor doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB) e cidadão-honorário da cidade. Além dos livros de poesia que publicou, merecem destaque em sua obra os estudos sobre Literatura Brasileira, Monteiro Lobato e uma enorme coleção de cartas, que trocou com Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade e vários outros escritores.

Cassiano Nunes era alma generosa, que procurava conhecer e estimular o trabalho de novos autores. Boêmio, enturmava-se com pessoas de todas as idades, desde que tivessem afinidade com ele e gostassem de conversar sobre Literatura. Até cinco anos atrás, quando sua saúde se debilitou, freqüentava assiduamente bares e eventos culturais em Brasília, e sempre encontrava alguém com quem conversar e trocar idéias. Gostava de declamar, com seu vozeirão, poemas de seus autores favoritos, que sabia de cór. Era um defensor apaixonado de Brasília.

Descanse em paz, Cassiano. Você vai fazer falta, como já vinha fazendo.

Um poema...



PARÓDIA

as flores de nosso jardim
foram implantadas à sombra
para não perderem a cor

ainda que plásticas
sugaram da terra a seiva
natural
e morreram todas de saudade
do sol.

Um texto de Rui Werneck

Estremeço/quando penso/em estrelas...
Poemas sempre foram algo como uma casa sem portas, cheia de corredores, diversas paredes – nem todas retas –, chão deslizante, teto aberto para as estrelas. Um labirinto que desemboca onde a imaginação do leitor o levar.
Poemas de amor desembocam sempre numa saudade. Na nossa – atiçada pelo poeta. Saudade de outros tempos, outros lugares, outros céus.
Poemas por amor são diferentes. Mas só um pouco. Eles nos levam a imaginar um coração de poeta dançando sobre as estrelas. em vez de apenas contemplá-las.
Assim, os poemas do livro do Alexandre Marino são poemas por amor. Você viaja com o poeta tentando desvendar a intimidade, os silêncios, os abraços, as mãos dadas em um postal de Paris, o primeiro encontro, os disfarces, os pequenos tesouros em forma de ramos de flores ou lençóis... Tudo isso e outras ilhas desertas, porém habitadas por palavras que correm alegres pela areia, pelos aconchegos, pelas carícias, pelas mudas leituras de lábios.
Depois de tentar imaginar as peripécias do poeta para cantar sua amada, você tem ainda a belíssima edição do livro. Na capa, um terno abraço de amantes – nada menos que um quadro de Pablo Picasso. A mão do rubro, porém terno, amante no ombro da amarela e tímida amada. E duas mãos que se tocam de leve prometendo uma vida eterna de amor.
Assim são os poemas por amor de Alexandre Marino – dedicados a uma só mulher, mas propriedade legítima de todos os leitores que sabem apreciar estrelas pelo teto aberto de uma casa feita de palavras.
Alexandre Marino é poeta mineiro exilado em Brasília, o livro foi produzido pela Editora Varanda, em 2007, numa edição fora do comércio. Quer dizer, você deve entrar em contato com o Alexandre, via e-mail (varanda.ce@gmail.com) para poder achar o endereço da casa sem portas, cheia de corredores, diversas paredes – nem todas retas –, etc., que levarão você onde sua imaginação puder.
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Rui Werneck, escritor e publicitário paranaense, no sítio Shvoong (http://pt.shvoong.com/), sobre o mais recente livro deste escriba, Poemas Por Amor, Varanda Edições, 2007.

Vinte anos de Martinho da Arcada

Fundado em 1782, o Martinho da Arcada, situado na Praça do Comércio, é o mais antigo café de Lisboa. Por lá circularam, entre outros clientes ilustres, Mário de Sá-Carneiro, Cesário Verde e Fernando Pessoa, que até hoje tem sua mesa reservada, e sobre ela uma xícara e alguns livros. Na parede, uma foto e um poema, redigido ali mesmo. Em outubro de 1987, um poeta brasileiro foi conferir o ambiente e receber fluidos do ilustre português, que espiritualmente ainda circula por lá. E voltou, exatamente 20 anos depois. É claro que o Martinho, do alto de seus 225 anos, não mudou muito nesse curto período. O que surpreende é que o poeta brasileiro, que lá tomou uma Sagres e guardou o rótulo como lembrança, também está muito bem conservado.

Gerúndio perde emprego

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, demitiu o Gerúndio. A medida foi oficializada pelo Decreto 28.314, de 28 de setembro, publicada no Diário Oficial do DF desta segunda-feira, 1 de outubro. O artigo 1 detemina que "fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal".
Espera-se, agora, que o presidente da República do Brasil nomeie o Plural.

De volta

Após um mês de férias, este escriba está de volta à mesa de trabalho. Aos internautas que navegaram por aqui ao longo desse período, agradeço e convido para novas visitas. É um prazer reencontrá-los.