Se a vida é um circo...

[...]
Indomáveis feras adormecidas,
sol e chuva, solitários viajores,
a vastidão para meu pequeno corpo
aprendiz de domador,
coração movido a espantos;


O circo e seu bestiário,
a aura mágica do mágico:
a lona esconde desejos
além de meus olhos fátuos.


E lá adiante, meu pai,
um realejo, a sorte lançada,
o dobre de um sino,
a estrada.


O ano que termina foi muito gratificante, por várias razões, e a principal delas foi a publicação de meu livro Arqueolhar, que alguns dos visitantes deste espaço tiveram a oportunidade de ler. O que o internauta lê acima são os versos finais de Circo, último poema do livro. Uso destas palavras para desejar aos leitores um bom Natal e um 2006 cheio de esperanças. Cada um que escolha as suas... Os mais sensíveis, capazes de mergulhar em livros de poesia nesses tempos mercantilistas, certamente compreenderão as minhas.

Escavações

"Em Arqueolhar, Alexandre Marino, mineiro radicado em Brasília, entrega-se a uma experiência que ele considera "quase infantil": a partir do reencontro com diversos objetos perdidos - velhos bonecos, brinquedos, relógios - 'escavar' a própria memória atrás de recordações da meninice. Tal 'arqueologia da infância', ele ressalta, não possui intenções nostálgicas nem autobriográficas: é, antes de tudo, um exercício de imaginação. Marino já publicou Os operários da palavra, Todas as tempestades e O delírio dos búzios."
Nota publicada na edição 67 do jornal literário paranaense Rascunho (novembro/2005).