VIVA MONTEIRO LOBATO!

Monteiro Lobato foi um dos autores que marcaram minha infância. Eu sonhava em ser como aquelas crianças que frequentavam o Sítio do Picapau Amarelo. Suas histórias me transmitiam um clima de amizade e aventura que me fascinava.

Agora, alguns supostos "educadores" querem me convencer que a obra de Monteiro Lobato é racista. Fico estarrecido. A sensação que guardei das leituras da infância, sobre a relação entre aquelas crianças e a Tia Nastácia, a personagem negra que os tais "educadores" supõem vítima de racismo, é de amor, respeito e amizade. 


Minha geração cresceu lendo Monteiro Lobato. Ninguém se tornou racista por causa disso. 

O "escritor" e "pesquisador" Alberto Mussa defendeu, durante o Fórum das Letras de Ouro Preto, a proibição da obra de Monteiro Lobato nas escolas. O nigeriano Felix Ayoh´Omidire, presente ao Fórum, concordou com ele. Nada sei de um ou outro, mas acho estarrecedor.

Há algumas semanas, a "professora" Nilma Lino Gomes, integrante do Conselho Federal de Educação (CNE), defendeu a mesma proibição em um parecer solicitado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Presidência da República.

Quem levantou o assunto foi o técnico em Gestão Educacional Antônio Gomes da Costa Neto, da Secretaria de Educação do DF, que faz mestrado em Educação na Universidade de Brasília. De que tipo de educação esse cara entende?

 
O fato é extremamente preocupante. Além da ameaça de atirar um manto de maldição sobre um autor clássico da literatura brasileira, é um sinal de que muito mais vem por aí. Estamos caminhando com passos firmes e ligeiros rumo ao pior obscurantismo.

Esses "escritores", "pesquisadores" e "educadores" sectários deveriam entender que a causa de todo o racismo é a ignorância, e ignorância se combate ensinando literatura de qualidade nas escolas.

Preparem-se. Brevemente vão propor a proibição de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e outros autores clássicos de nossa literatura. É assim que se destrói uma cultura.

BRASÍLIA VOLTA À POESIA


O II Simpósio de Crítica de Poesia, promovido pelo Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília e coordenado pela professora Sylvia Cintrão, traz novamente a poesia para o coração da cidade. Maltratada cidade. Agora vamos falar do que realmente importa. Como disse Mário Quintana, fora da poesia não há salvação.

  O II Simpósio faria parte da II Bienal Internacional de Poesia de Brasília (II BIP). Com o cancelamento desse evento, o Simpósio segue sozinho. Menos mal. O tema geral do Simpósio é Poesia contemporânea: olhares e lugares.

Segunda, terça e quarta-feira próximas (8, 9 e 10), pesquisadores, professores, estudantes, poetas e leitores estarão reunidos no Auditório do Instituto de Biologia da UnB para seis mesas de debate e oito mesas de comunicação, sempre para discutir poesia.

Este escriba participará da mesa Poesia contemporânea: Brasília 50 anos, ao lado de Amneres Santiago, com mediação de Alexandre Pilati. Será na terça-feira, 9, às 15h30. Vamos tentar dirigir nossos olhares para a poesia que se faz no Brasil atualmente e, mais especificamente, em Brasília, em momento extremamente marcante. Afinal, os 50 anos de Brasília, comemorados este ano, em meio a intensa crise política, têm que provocar algum tipo de tremor também na poesia que se faz na cidade.

Essas questões provavelmente serão discutidas também por Nicolas Behr e Luís Turiba, com mediação de Augusto Rodrigues, na mesa anterior, que tem como tema Do local ao global (às 14h).

Outras mesas de debates reunirão Eliana Yunes, Sylvia Cintrão e Julliany Mucury; Rodrigo Garcia Lopes, Antonio Miranda e Sérgio Leo; José Castello, Sérgio de Sá e Maurício Melo Jr. Nas mesas de comunicação, pesquisadores de diversos estados apresentarão trabalhos em sessões abertas.

Na quarta, 10, às 9h30, o poeta Fabrício Carpinejar conversa com o público.

A abertura oficial será na segunda-feira, 8, às 14h. No mesmo dia, às 19h, será apresentado no auditório I do Museu da República (Esplanada dos Ministérios) o espetáculo Brasílias de luz, com o grupo Vivoverso, que presta uma homenagem ao músico e compositor Oswaldo Montenegro, convidado especial do Simpósio, e aos poetas da cidade.

A programação completa do II Simpósio de Poesia e Crítica está aqui