POETAS JORNALISTAS NO POEMAÇÃO


O jornalista Clark Kent tinha uma identidade secreta que todos conhecemos. Alguns jornalistas de Brasília têm uma identidade secreta que poucos conhecem: são poetas. Nos dias 4, 5 e 6 de setembro (quinta, sexta e sábado), eles se revelarão ao público, falando seus poemas no palco que será montado no jardim do Café Martinica (CLN 303, bloco A), dentro da programação do Poemação, evento que integra a I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (BIP). Esses profissionais do jornalismo brasiliense mostrarão que, embora não sejam super-homens, também têm superpoderes.

Dois grupos de poetas (alguns, também músicos) ocuparão o palco nas noites de quinta, 4, e sábado, 6. Está confirmada a participação de Alexandre Marino, Anand Rao, Angélica Torres, Ariosto Teixeira, Carla Andrade, Guido Heleno, Ivan Sérgio, Fernando Marques, Luiz Martins, Paulo José Cunha e Vicente Sá.

A noite de 5 de setembro será reservada ao grupo OiPoema, formado por Luís Turiba, Amneres, Bic Prado, Cristiane Sobral, Nicolas Behr e Paulo Djorge.

Está prevista ainda a participação muito especial do cantor e compositor Octávio Scapin, jovem revelação da boa música de Goiânia, e de alguns poetas convidados da Bienal, vindos de outras cidades do Brasil.

ADEUS A ELIAS JOSÉ

A morte de Elias José é a má notícia que circula na manhã deste primeiro domingo de agosto. Elias vivia em Guaxupé, cidade mineira que adotou desde a juventude, e ficou conhecido por ter escrito mais de cem livros de literatura infanto-juvenil. Mas para quem conheceu pessoalmente aquela alma generosa, e leu, com espanto e admiração, seus primeiros livros, ele foi muito mais do que um autor para crianças.

Elias José, nascido em Santa Cruz da Prata em 1936, começou a publicar em 1970, quando a Imprensa Oficial de Minas Gerais lançou A Mal-Amada, uma surpreendente coleção de minicontos, e em seguida O Tempo, Camila. O livro seguinte, Inquieta Viagem ao Fundo do Poço, ganhou o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro em 1974.

Elias foi um grande incentivador da revista Protótipo, que este que lhes escreve lançou na cidade de Passos no início dos anos 70, ao lado de Antonio Barreto, Marco Túlio Costa e outros adolescentes que se lançavam à literatura.

Seus contos e poemas foram publicados em antologias e revistas literárias no México, Argentina, Estados Unidos, Itália, Polônia, Nicarágua e Canadá. Professor universitário, estava aposentado e se dedicava a ministrar cursos, oficinas e palestras, e era intelectual atuante em eventos de educação e literatura.

Esperemos que este país sem memória não o esqueça. E que alguma editora com boa visão reedite seus primeiros livros, que certamente têm muito mais a acrescentar à literatura brasileira que grande parte dos textos insossos que constituem as grandes "novidades" impostas pelo mercado literário de nossos dias.


Foto: capturada no sítio www.literaturaonline.com.br, feita durante lançamento do livro Deu Doideira na Cidade, Ed. Martins Fontes, em 20 de março de 2003.