[poema] CAIXA DE VIDRO

[Clique na imagem para ampliar]

O livro Terra Sangria, que acabo de publicar pela Editora Penalux, tem vários poemas inspirados em telas do artista plástico norte-americano Edward Hopper. Escrito em sua maior parte entre 2019 e 2022, quando tivemos que confinar nossos corpos por causa da pandemia de coronavírus e nossas mentes por causa de um governo fascista, Terra Sangria é a poesia que colhi nos destroços, do país e de nós mesmos. Nesse contexto, me identifiquei muito com a desolação presente nos quadros de Hopper, na profundidade ou na superfície. 

Caixa de vidro é inspirado na tela Automat, de Hopper. Mas não tem a intenção de descrever a tela. Procurei imaginar o que se passava em volta, o que havia passado um pouco antes ou um pouco depois da cena registrada pela pintura, entender o que se passava na mente das pessoas presentes na cena, mas não retratadas na tela. 

[poema] HIATO

No dia 12/12/12, há exatos 10 anos, o cirurgião Fábio Jatene me abria o peito, retirava meu coração e fazia a substituição de uma válvula, que já não cumpria sua função. Pode ser assustador, mas foi o que aconteceu. 

Daquela experiência, vivida no hospital HCor, em São Paulo, surgiram muitas histórias e muitos poemas, alguns dos quais fazem parte do livro Hiatos, que publiquei em 2017. O poema que se lê aqui é um deles. 

O Dr. Fábio Jatene é um dos seres humanos mais admiráveis que conheci. Ele é personagem importante de uma longa história que tem, e teve, outros personagens importantes, como Dr. José Carlos Quinaglia, de Brasília, que esteve ao meu lado durante quase 30 anos, até que a covid o levou para outras dimensões. 

Eu costumo dizer que um ser humano tem sempre várias idades. A minha válvula mitral, por exemplo, só viveu 56 anos. Eu estou vivo, saudável e levando vida plenamente normal graças à Ciência.