Alguns dados sobre leitores e leituras

A proporção de brasileiros de 15 a 64 anos classificados como "analfabetos absolutos" vem caindo ao longo dos últimos anos, mas ainda totaliza 7% da população. Outros 25% da população de mesma faixa etária estão no nível rudimentar de alfabetismo, que corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares, como um anúncio ou pequena carta, ler e escrever números usuais ou manusear pequenas quantias de dinheiro. Ou seja, 32% da população, ou algumas dezenas de milhões de pessoas, não são capazes de ler e compreender uma notícia de jornal, e muito menos um livro.
Esses dados são revelados pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) em sua medição mais recente, realizada no segundo semestre de 2007 e divulgada esta semana. A pesquisa, realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, do Grupo Ibope, e pela ONG Ação Educativa desde 2001, é baseada em entrevistas e testes cognitivos aplicados a amostras de 2 mil pessoas, residentes em zonas urbanas e rurais em todas as regiões do País.
Os testes abordam temas práticos do cotidiano e são acompanhados de amplo questionário. Os resultados definem quatro níveis de alfabetismo. Além dos citados acima, há o alfabetismo básico e o de nível pleno.
O alfabetismo básico permite a leitura e compreensão de textos de média extensão e números na casa dos milhões, solução de problemas com seqüência simples de operações e noção de proporcionalidade, mas impõe limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações.
Os plenamente alfabetizados lêem textos longos, interpretam informações, distinguem fato de opinião, interpretam tabelas e gráficos, etc. Os alfabetizados de nível pleno são apenas 28% da população na faixa etária de 15 a 64 anos, objeto do estudo. A maior parcela está na faixa do alfabetismo básico, girando em torno dos 40%.
Entre a pesquisa anterior, de 2005, e a atual, a variação em cada faixa ficou em torno de 1% a 2%, e só os analfabetos tiveram sua parcela reduzida mais significativamente, de 11% para 7%. Os dados mais recentes indicam que os de nível rudimentar são 25%.
Entre os entrevistados para a pesquisa de 2005, 45% dos alfabetizados (os três níveis) lêem a Bíblia, o livro mais lido, e 21% não lêem nenhum, em média. Esse item revelou alguns dados bem interessantes. Enquanto o percentual de leitura da Bíblia é praticamente o mesmo entre os níveis rudimentar, básico e pleno (46%, 48% e 47%), a auto-ajuda ganhou disparado entre os de nível pleno (22%), ficando em 5% e 9% nos dois níveis mais baixos. Somente 7% dos plenamente alfabetizados declararam não ler.
A poesia (15%) ficou acima dos livros técnicos e auto-ajuda na média geral (ambos com 11%). No entanto, tem o mais baixo percentual de leitura - 19% - entre os alfabetizados de nível pleno, que teoricamente seriam os mais capazes de enfrentar as suas armadilhas e apreciar os seus prazeres. O gênero mais lido entre estes é policial e aventura, com 49%. Todos os dados revelados por essas pesquisas são interessantes para reflexão, mas nada surpreendentes para os observadores dos hábitos brasileiros.

Novo minifúndio

Criado em setembro de 1997, o Sítio do Alexandre Marino, meu minifúndio na web, acaba de passar pela sua maior reforma. Trocou de endereço - www.marino.jor.br - e foi amplamente restaurado, um processo que, na verdade, não está concluído, pois é permanente. Continua com o mesmo propósito de publicar textos informativos e de reflexão sobre literatura e jornalismo; mas abrirá mais espaço a imagens.
O internauta poderá ler poemas ilustrados, ou simplesmente ver fotos comentadas, de minha autoria, é claro. Permanecem as mesmas sessões da versão anterior, divididas em 17 páginas. Poemas, crônicas, resenhas, entrevistas, reportagens, artigos, são algumas dessas sessões.
Entre setembro de 1997 e dezembro de 2007, o Sítio teve várias versões e se estabeleceu na web, a ponto de receber um número significativo de visitas diárias - considerando que é um espaço anônimo e gratuito, entre milhões de outros - e foi acessado dos mais distantes países do planeta, da Finlândia ao Japão, da Nova Zelândia à Noruega, da Arábia Saudita à Escócia, etc, etc.
Faça uma visita e depois envie comentários para sitio[at]marino.jor.br, lembrando-se de trocar "[at]" pelo sinal "@".

Apesar de tudo...

Estamos em 2008, como poderíamos estar em 2007 ou 2012. Seguimos contando o tempo, sem saber o que fazer com ele, sem que nos preparemos para o que ele fará de nós. Se o tempo não pára, quem se move somos nós, arrastados como conchas no turbilhão, barcos à deriva, ainda que acreditemos em deuses, bússolas, nortes ou bisturis. E segue o tempo, onipresente: à medida que passa, carrega nossos pedaços; um fio de cabelo, um dente, um olho, uma perna; leva um amigo, um ser amado, outro, e quando pensamos que já nos levou demais, lá vem ele se anunciando no horizonte, pronto para um novo arrastão. E, apesar disso, ou talvez por isso, só nos resta contestá-lo, desejando-nos um feliz ano novo.