Uma esperança para a Biblioteca

A Biblioteca Nacional de Brasília recebe inestimável presente da família da poeta Marly de Oliveira, recentemente falecida. Cerca de 5 mil livros do acervo pessoal da escritora serão doados à instituição. Marly era considerada um dos grandes nomes da poesia de língua portuguesa da atualidade, e deixou uma obra que merece ser mais conhecida. Era viúva de outra sumidade da poesia brasileira, João Cabral de Melo Neto, o que dá uma idéia da importância do acervo doado à Biblioteca.

Erguida na Esplanada dos Ministérios durante o governo Joaquim Roriz sem qualquer planejamento quanto à origem, aquisição e administração de seu acervo, a Biblioteca Nacional começa a dar sinal de vida. Um dos grandes responsáveis por isso é o professor e poeta Antonio Miranda, que ainda nem foi oficialmente nomeado diretor da instituição, mas já está na luta para viabilizar o elefante branco. Graças a ele, a Universidade de Brasília (UnB) fez uma significativa doação à Biblioteca, em processo de catalogação.

A doação dos livros foi anunciada pelo embaixador Lauro Moreira, ex-marido de Marly, que na última sexta-feira, 20, fez uma palestra sobre ela e uma apaixonada leitura de seus poemas no auditório da própria Biblioteca. Moreira é embaixador do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa. E especialista em leitura de poesia.

Brasília sob a neve


Aí está a contribuição deste escriba ao Catálogo-Poético Bric-a-Brac Maior Idade, lançado ontem, 10 de julho, na Galeria da CEF, em Brasília. A exposição permanece em cartaz. Dê uma olhada lá.

It´s only rock´n´roll, but I like it!



Octávio Scapin e banda apresentam "Ressaca", um rock básico composto por Scapin sobre poema de Alexandre Marino. Siga a letra abaixo.

Ressaca

Tenho mania de recordar o futuro
e gritar te amo, te amo,
como se atingisse o orgasmo
a cada erro de concordância

Mas sou apenas uma ilha deserta,
sem palmeiras ou náufragos.
Minha diversão é atirar ao mar
mensagens de amorem garrafas de açúcar

(Nem alcanço a praia
nem o mar fica mais doce)

Navegante de águas mortas
nem aprendi a tossir
e já tenho uma cicatriz no coração
(minha filha se chamaria Tarsila
mas morreu antes da ejaculação)

Nesta noite, há bares e homens tristes
e essa mania de desvendar o futuro
como procuro desejos

Mas agora meu coração está de ressaca.
E vomita atrás de um muro a indigestão dos beijos.

[Do livro O Delírio dos Búzios, Varanda Edições, 1999, esgotado]

Bric-a-Brac: nova festa!

O Conjunto Cultural da CEF reúne escritores, músicos, fotógrafos, artistas plásticos para uma nova festa em celebração aos 21 anos da revista Bric-a-Brac, publicada em Brasília entre 1986 e 1991. Será na próxima terça-feira, 10 de junho, a partir das 19h.

Haverá recital poético, reexibição do clip-documentário produzido pelo poeta Luís Turiba, ex-editor da revista, e pelo cineasta André Luiz Oliveira e, o mais esperado, lançamento do catálogo da exposição Bric-a-Brac Maior Idade, que será distribuído gratuitamente aos presentes.

O Catálogo, com 112 páginas, representará na prática o derradeiro número da revista, já que veiculará poemas e textos inéditos de poetas de Brasília e outras cidades brasileiras, além de refinada edição de fotos e trabalhos gráficos e plásticos.

Um poema de Manoel de Barros, datilografado em sua velha máquina de escrever, e um fac-símile de um manuscrito de Paulo Leminski, criado em Brasília durante sua visita à cidade em 1984, são duas das atrações do Catálogo, que deverá atrair tanta atenção da mídia cultural brasileira quanto as seis edições da revista.

Quem estiver em Brasília não deve perder essa!!