Um poema


O oboé


A sombra de um oboé
junto aos cacos
de um candelabro,


A música do tempo
nessas tardes de silêncio,

O espectro do campanário,
o sorriso dos mortos,
entre paredes demolidas
e sua abstrata aspereza,


As serestas,
o silvo do vento
e das calmarias;


O suspiro
das noites de tristeza,


A alma do oboé,
prisioneira do antiquário,
e seu choro
quando sopra a ventania.

O livro

Arqueolhar será publicado em setembro, numa parceria entre o selo do autor, Varanda Edições, e a editora brasiliense LGE, que lançou mais de 300 títulos de literatura nos últimos três anos e tem levado alguns dos escritores de Brasília às livrarias das principais cidades brasileiras.
Arqueolhar reúne 40 poemas em que este autor faz uma (re) leitura do universo de sua infância, com um olhar maduro - ou "arqueológico", como prefere. Sem intenção nostálgica, Alexandre Marino se inspira em objetos, lugares e personagens que o marcaram para, como disse a escritora e crítica literária mineira Maria Esther Maciel, "desenterrar traços, imagens, sensações, experiências de uma infância perdida mas que, reimaginada, se justapõe ao mundo presente, reconfigurando-o".
Maria Esther Maciel assina a quatro mãos com o também escritor e crítico cearense Floriano Martins o prefácio de Arqueolhar.