A MAIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE [1]

O livro é a maior invenção da humanidade. Desde os primórdios da História armazena o conhecimento, e as bibliotecas são o próprio símbolo da civilização. Sem o livro, é possível que algumas das grandes invenções não tivessem sido possíveis.

E no entanto, parece estar em curso uma campanha articulada para que, em pouco tempo, o livro, um organismo vivo que dialoga com os homens, seja extinto.

É impressionante a pressão exercida pela mídia, pela publicidade, pela indústria tecnológica, para nos convencer de que devemos trocar o livro tradicional pelas ferramentas eletrônicas – kindle, sony reader – que recebem o texto escrito pela internet e substituem as folhas de papel por uma tela, em que estão disponíveis comandos para mudanças de página e até para marcação de trechos do texto. Três ou quatro grandes empresas, nos Estados Unidos, Japão e Europa, desenvolvem esse equipamento e tentam vendê-lo ao mundo.

Uma pesquisa realizada durante a 61ª. Feira do Livro de Frankfurt, no mês passado, constatou a previsão de que o livro digital superará o de papel em 2018. Há controvérsias, é claro, a partir da velha constatação das desigualdades econômicas, que hoje, no Brasil, inviabilizam a comercialização do aparelho leitor, vendido a US$ 300 nos Estados Unidos. Mas naquele país a venda de livros digitais (e-books) superou os US$ 100 milhões em 2008, segundo dados da Associação Norteamericana de Editores (AAP). E a Alemanha registrou a venda de 65 mil aparelhos vendidos no primeiro semestre.

A loja virtual Amazon já conta com mais de 300 mil obras digitais à venda. Para as empresas, esse mercado pode ser extremamente vantajoso, já que o livro deixará de ser uma mercadoria para se tornar um serviço. O futuro que se vislumbra será o do cliente diante de uma máquina, apertando um botão e recebendo o livro virtualmente, contra o pagamento. Ao contrário da venda tradicional, iniciada quando a editora contrata uma gráfica, paga a impressão do livro, vende o objeto às livrarias, às quais o leitor se dirige para fazer a sua compra. Com variações, é claro.

Em 500 anos de história, o livro praticamente não mudou. Por quê? Porque é uma “máquina” perfeita, de fácil utilização, leve, pode ser levada a qualquer lugar, não precisa ser ligada, não requer prática ou habilidade, a não ser a de saber ler. E tem o apelo sensorial – ou você acha que o kindle pode ser acariciado e folheado da mesma maneira, em gesto quase sensual?

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4 comentários:

Professor Demetrius disse...

No Brasil não cola. Aliás, duvido que cole em grande escala em qualquer país. O Brasil é um país de analfabetos, e quem não lê livros de papel (ou jornais, revistas, etc) vai continuar um não leitor quando vier esse kindle.

Eduardo Lara Resende disse...

Concordo, Alexandre. E o que surpreende é a aparente apatia do segmento livreiro, que inviabiliza ainda mais a sobrevida do livro de papel pela incapacidade seletiva de atender um mercado editorial como o nosso. Há bons autores que não foram, não são e jamais serão publicados, a menos que paguem do próprio bolso. E nem se fale nos impostos sobre o papel e a atividade - essencialmente cultural. Favorece-se, assim, o revigoramento e a expansão da ignorância.

Octávio Scapin disse...

O livro de papel nunca será substituído, assim como o CD não acabou e nem seu avô, o disco de vinil. O que há, e isso é extremamente positivo, é a perspectiva de termos novas maneiras de consumir a literatura e de democratizar a publicação. Assim como o mp3 mudou a cara da produção musical no mundo, o livro digital também pode fazer isso. Para os leitores que não abrem mão do toque "sensual" no papel, as lojas continuarão lá com suas estantes cheias e claro, com terminais de computadores prontos para vender os livros digitais.

Marcos disse...

Se depender de mim, Alexandre, o livro nunca perderá o espaço em minha vida. Os que poderão impedir esse avanço de e-books e mais não sei o que, é o leitor e o escritor.
Grande abraço!!!