Drummond em Itabira?

A prefeitura da cidade mineira de Itabira anuncia a volta de seu filho mais ilustre, Carlos Drummond de Andrade, 87 anos depois de se estabelecer em Belo Horizonte e 73 anos após sua mudança para o Rio de Janeiro. O prefeito João Izael Querino Coelho propõe o traslado dos restos mortais do poeta para um memorial a se construir na cidade. De acordo com matéria publicada no mês passado no jornal O Cometa Itabirano (n. 315), o neto do poeta, Pedro Augusto Graña Drummond, responsável legal pela obra e imagem do avô, está aberto à negociação.

Drummond não freqüentava Itabira e manifestou sua vontade de ser sepultado no Rio, onde seus restos descansam ao lado dos da filha, Maria Julieta, no Cemitério São João Batista. Sua cidade natal também não o cultuava muito - dizia-se, quando vivo, que poucos itabiranos sabiam quem ele era.

A prefeitura parece estar preparando um roteiro turístico fúnebre. Deixem os restos de Drummond em paz, onde ele queria que ficassem, e preservem sua memória com um centro de estudos e pesquisas, um museu vivo, onde sua obra, seu pensamento, seu acervo e suas fontes de inspiração possam ser melhor conhecidos. A imagem de Drummond está totalmente integrada ao Rio, ainda que em sua voz soe o espírito de Minas. Que esse espírito lance sobre a administração itabirana seu claro raio ordenador.

2 comentários:

Jéssica disse...

Caro Alexandre Marino,
Para mim, Itabirana de peito, ferro e alma, dói ler tamanha arrogância. Os restos mortais de Drummond devem permanecer no Rio onde fora de sua vontade, porém tudo que Drummond se tornou veio de Itabira, "da missa você não sabe a metade" pois jamais saberá o que é NASCER Itabirano. Drummond viveu lá os primeiros anos de sua vida assim como eu, que hoje vivo em Belo Horizonte. mas escrevo, componho, sofro, amo, e me identifico com Drummond assim como Newton Baiandeira, outro grande poeta da MINHA cidade, recentemente falecido, se identificava. Orgulhe-se da sua arrogancia e ignorancia, mas você nunca saberá o que é ter "90% de ferro nas calçadas e 80% de ferro na alma!" Drummond se desiludiu com Itabira após a chegada da Vale, assim como eu, pois perdemos nossas raízes e a essência de nossa poesia, o título de seu texto "DRUMMOND EM ITABIRA?" é ridículo! Se não fosse por Itabira, o Rio não teria conhecido esse grande poeta. a distancia jamais mudará as raízes de um ser humano. Você é um ignorante.

Alexandre Marino disse...

Não entendi sua agressividade, Jessica. Em nenhum momento eu deixei de reconhecer a importância de Itabira para a obra e o homem Drummond. Mas deixo seu comentário aqui registrado, sem entender por que você me chama de ignorante. Não se esqueça, ainda, que a notícia já é velha, e não tive conhecimento de desdobramentos posteriores.