HIATOS

Foram quatro anos de trabalho, que se intensificou nos últimos meses. Por mais que eu estabelecesse um cronograma, ele se recusava à maturação e exigia mais trabalho. Finalmente, nos últimos dias de maio, dei a tarefa por encerrada e declarei concluído, pronto, fechado, o meu sétimo livro de poesia: Hiatos.

Composto de 53 poemas, distribuídos em seis partes, este livro dá prosseguimento à busca que venho empreendendo desde o primeiro, de 1979: a de desvendar a alma das palavras, de forma a transcender seu significado aparente e com a ajuda delas alcançar o mistério presente no vácuo, na sombra, entre rastros de corpos, hiatos humanos. 

Hiatos parte de uma experiência pessoal intensa e avança no encalço dessa criatura que, ao tentar compreender a si mesma, só poderá salvar-se pela poesia. Um ser às vezes invisível, às vezes fantasma, esfinge na metrópole, confrontando memória e amnésia, sonhando no deserto, à sombra da última árvore. 

Hiatos, a caminho.

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