Não basta festejar. É preciso colecionar motivos ao longo do ano. Não é apenas o tempo. Um ano a mais, um ano a menos. É preciso criar a diferença. Não é apenas mudar. É mudar para melhor. Reformas não bastam. Maquiagem. Roupa nova. Asfalto novo. Gramados, viadutos, pontes, avenidas. Nada disso. A saída é mudar a alma. Voltar o olhar para dentro. O clima. Não basta resgatar a cidade. É preciso resgatar o espírito. Acabar com o salve-se quem puder. Estabelecer o estamos salvos. Dar fim à poluição visual. Mas também à poluição das mentes. Respeitar a poesia. “Fora da poesia não há salvação” (Mário Quintana). Não apenas respeitar, mas reverenciar. Não apenas levantar paredes. Não apenas erguer edifícios. Mas preenchê-los com vida. Museus não são prédios trancados. São espaços onde as famílias possam passar seus domingos e descobrir como é grande o mundo, infinitas as possibilidades de nossas mentes e corações. Bibliotecas não são depósitos de livros. São recintos para circulação de gente e idéias. Uma cidade não é apenas uma cidade. É um espaço humano. Uma cidade jamais estará pronta. Uma cidade é construída a cada dia pela ação daqueles que nela vivem. Construir uma cidade não é apenas colocar pedra sobre pedra. Não é erguer monumentos. É plantar árvores. É regar as árvores. É plantar utopias. Alimentar utopias. É promover encontros. É sorrir, chorar, expressar-se. Um tijolo pode ser feito de barro, mas também pode ser um desenho, um poema, um acorde musical, uma história. A cada hora, a cada dia, a cada ano, uma palavra alça vôo e adquire novos significados, transformando a alma, o olhar e o sonho das pessoas.
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