Novas opiniões sobre a Bienal de Poesia

O jornalista e escritor Jason Tércio, que vive em Brasília, contesta algumas opiniões emitidas na postagem anterior. A seguir, algumas colocações dele sobre a futura (torçamos!) Bienal Internacional de Poesia de Brasília e a Feira do Livro:

"A Feira é realizada no melhor espaço possível numa cidade cujo comércio e fluxo de pessoas se encontra quase exclusivamente em shopping." Tércio se diz contra isolar feiras e bienais (como no Rio) em lugares distantes;

Para ele, dizer que "público de shopping não é, por definição, público leitor" é "visão estereotipada, preconceituosa e rançosa";

Os motivos da pouca leitura são estruturais e históricos, lembra Tércio. Por isso, prossegue, "deveria haver feira de livro não só em shopping, mas em supermercado, em boate, em farmácia, em festa rave, em boteco, calçada, enfim, todo lugar", lembrando que o que estimula a leitura é política de governo, preço mais baixo, incentivo nas escolas etc;

Tércio acha que a Bienal de Poesia pode até ser realizada simultaneamente com a Feira, mas também por uma questão de espaço, não no Pátio Brasil. Ele sugere o Teatro Nacional, que tem três boas salas e espaço para os poetas venderem seus livros;

"Não considero como opção aquele monumento natimorto chamado Biblioteca Nacional, que é um belo bolo embolorado por dentro", afirma;

E continua: "Esperar que a poesia promova 'um mundo menos mercantilista e mais humano' é atribuir responsabilidade demais à poesia. Poetar é um ato lúdico."

Leia
aqui todas as notas e informações sobre a Bienal Internacional de Poesia de Brasília publicadas neste blog.

Um comentário:

Marba Furtado disse...

Sim, poetar é um ato lúdico e, por isso mesmo, transformador. Alexandre, tenho ficado bem à parte de todos esses processos mas acho que está na hora de tomarmos espaços. E não será por falta de espaço que não vai acontecer. Jason, se o "bolo" existe, tem que ser usado, nem que seja em homenagem aos 100 anos do nem-tão-funcional Niemayer e em nome do dinheiro que ajudamos a empregar em tanto concreto. É um transtorno chegar até aquele monumento, tanto para quem tem carro, quanto para quem anda a pé, mas já que ele está lá que seja usado. Já pensou as esculturas conceitualistas de Yoko Ono dentro e fora daquele "bolo"? Imagine então a BIP ocupando espaço físico e emocional - me falta outro termo. Temos um universo poético que precisa ser exposto - Ms Behr está entrando no mercado não-marginal e é nosso - e pq não unir esse universo ao resto de?? Penso que a BIP pode acontecer paralelamente à Feira do Livro, em espaços distintos, mas com programação interligada. A Feira não pode prescindir de seu lado mercantilista, mas pode dividir com a BIP a programação de debates e outros eventos em torno da poesia.