COMEÇA A FLIP


Montagem da Tenda dos Autores
Foto: Flip Festa Literária (Flickr)
Começa nesta quarta-feira, 4 de agosto, a Festa Literária Internacional de Paraty. Na mesa de abertura do evento, o sociólogo e professor universitário Fernando Henrique Cardoso, autor do prefácio da edição mais recente de Casa-grande & Senzala e um dos principais estudiosos de Gilberto Freire no Brasil, fala sobre a obra do intelectual pernambucano.

O anúncio da presença de Fernando Henrique, ex-presidente do Brasil, na Flip, foi suficiente para despertar algumas polêmicas, especialmente entre petistas exacerbados, que saíram por aí perguntando se a Flip "tucanou". Ora, FHC é sociólogo, professor universitário e especialista na obra de Freire... O que há de errado, então, em convidá-lo para falar a respeito, e na mesa de abertura, já que Freire é o homenageado oficial da festa?

Mais estranho seria convidar o atual presidente, Lula da Silva, para falar sobre qualquer coisa.

Há outras polêmicas sobre a Flip rolando na imprensa. Uma delas é o pequeno número de escritores ficcionistas, numa festa que se propõe literária, privilegiando ensaístas.

Faz sentido. Mas é importante lembrar que a Flip, hoje o mais badalado evento literário do Brasil, é na verdade um evento comercial, comandado pelas grandes editoras. A Flip é realizada pela Associação Casa Azul, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criada com o objetivo de contribuir para a solução dos problemas de infraestrutura urbana de Paraty, informa a página oficial do evento na internet. 

Paraty é cidade turística. Realizar na cidade uma festa literária, reunindo escritores de nome internacional, com o patrocínio de grandes empresas e dos governos federal e estadual, só poderia dar certo. Além de levar à cidade turistas interessados em ouvir palestras durante duas horas do dia, e depois badalar pelas charmosas ruas da cidade, a Flip também atrai aquele tipo de turista endinheirado que vai aonde a badalação está, não importa em função de quê. 

Escritores "não oficiais" que comparecem a Paraty apenas para aproveitar o clima e exibir e vender seus livros nas ruas não são bem-vindos à cidade. Nos últimos anos, houve casos de apreensão de livros e repressão policial. 

A partir desta oitava edição, a preocupação dos organizadores passa a ser uma forma de impedir o contínuo crescimento da festa, que a cidade parece já não comportar.

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