ADEUS A ELIAS JOSÉ

A morte de Elias José é a má notícia que circula na manhã deste primeiro domingo de agosto. Elias vivia em Guaxupé, cidade mineira que adotou desde a juventude, e ficou conhecido por ter escrito mais de cem livros de literatura infanto-juvenil. Mas para quem conheceu pessoalmente aquela alma generosa, e leu, com espanto e admiração, seus primeiros livros, ele foi muito mais do que um autor para crianças.

Elias José, nascido em Santa Cruz da Prata em 1936, começou a publicar em 1970, quando a Imprensa Oficial de Minas Gerais lançou A Mal-Amada, uma surpreendente coleção de minicontos, e em seguida O Tempo, Camila. O livro seguinte, Inquieta Viagem ao Fundo do Poço, ganhou o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro em 1974.

Elias foi um grande incentivador da revista Protótipo, que este que lhes escreve lançou na cidade de Passos no início dos anos 70, ao lado de Antonio Barreto, Marco Túlio Costa e outros adolescentes que se lançavam à literatura.

Seus contos e poemas foram publicados em antologias e revistas literárias no México, Argentina, Estados Unidos, Itália, Polônia, Nicarágua e Canadá. Professor universitário, estava aposentado e se dedicava a ministrar cursos, oficinas e palestras, e era intelectual atuante em eventos de educação e literatura.

Esperemos que este país sem memória não o esqueça. E que alguma editora com boa visão reedite seus primeiros livros, que certamente têm muito mais a acrescentar à literatura brasileira que grande parte dos textos insossos que constituem as grandes "novidades" impostas pelo mercado literário de nossos dias.


Foto: capturada no sítio www.literaturaonline.com.br, feita durante lançamento do livro Deu Doideira na Cidade, Ed. Martins Fontes, em 20 de março de 2003.

4 comentários:

Anônimo disse...

Estava procurando informações na internet sobre "A inquieta viagem ao fundo do poço" e caí aqui. E já fiquei surpreso: não sabia da morte do Elias José.
Conheci Elias pessoalmente na cidade de Uberlândia (MG), quando me preparava para o meu primeiro vestibular. Ele fora ao colégio em que eu estudava para falar sobre o seu "Inquieta viagem ao fundo do poço", que era um dos livros indicados pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para o vestibular de 1984. Era uma pessoa encantadora mesmo.

Abração

Alexandre Marino disse...

Demas, esse livro, "Inquieta viagem ao fundo do poço", é uma raridade hoje. Infelizmente, porque é uma obra literária avançadíssima. Esperamos que a obra de Elias José permaneça viva e seja lembrada sempre. Um abraço.

ICEJ - Instituto Cultural Elias José disse...

Este país sem memória não o esqueceu. E de um sonho dele, sua família e amigos criaram o ICEJ - Instituto Cultural Elias José, com sede em Guaxupé/MG. Venha nos fazer uma visita agora mesmo:

http://iceliasjose.blogspot.com/

namastê

L. Elias disse...

Excelente escritor, generoso, inteligente, bom pai, bom tio.
As saudades que nunca vão passar, mas guardo comigo tudo o que vivi e tudo o que representa para mim.
Obrigada tio, e voe com asas longas pra encantar os anjos, como encantou as crianças e a todos nós...