OS SUBTERRÂNEOS DA PRAÇA


Apesar de Oscar Niemeyer ter desistido de impor a Brasília a sua Praça da Soberania (veja postagem anterior), "ao menos provisoriamente", a população da cidade precisa refletir sobre esse episódio e lembrar-se de algumas coisas.

DESTRUIÇÃO CIVIL
O governador José Roberto Arruda governa em nome das grandes construtoras, que vêem em Brasília uma mina de ouro e não estão preocupadas com a qualidade de vida da população. Seu governo planeja a construção de grande número de setores habitacionais, uma verdadeira invasão de áreas verdes e de mananciais. Os monumentos também satisfazem a fome das construtoras.

O SONHO DA ESTÁTUA
A idéia da praça nasceu de uma sugestão do presidente Lula, que deseja a construção, em Brasília, de um local “para abrigar a memória da República brasileira”. Esse local estava previsto no projeto de Niemeyer. “Um prédio baixo, em curvas e pilotis, dedicado à memória dos presidentes da República”, descreveu o arquiteto, segundo matéria do Correio Braziliense de 10 de janeiro. Lula, o messias, pretende virar estátua.

PROPRIEDADE PRIVADA
Oscar Niemeyer, que se diz comunista, é aliado de todos os poderosos que passam pelos palácios do Planalto ou do Buriti. Aos 101 anos, do alto de seu escritório que dá frente para o mar de Copacabana, ele se considera legítimo proprietário de Brasília, mais do que as pessoas que vivem e padecem dos problemas urbanos na capital federal.

REJEIÇÃO AO PROJETO
A desistência foi anunciada em manchete pelo Correio Braziliense, na edição de 4 de fevereiro.Uma enquete realizada pelo jornal, com 4.066 internautas, indicou a rejeição da proposta por 75,87% dos votantes.

Se a população de Brasília não estiver mobilizada, é possível que Lula, Arruda e Niemeyer estejam apenas aguardando a hora certa de nos enfiar essa aberração pela goela abaixo.


[A foto de Niemeyer foi tomada emprestada do sítio Debatedouro]

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