A atriz paulista Sandra Corveloni, protagonista de Linha de Passe, filme de Walter Salles e Daniela Thomas, deve ter ficado com essa expressão desconsolada ao ler a capa do Caderno 2 do O Globo de sábado. A matéria de Rodrigo Fonseca, reverente e bajuladora, apresentava um perfil da atriz Angelina Jolie, e a anunciava como virtual vencedora da Palma de Ouro do Festival de Cannes. Segundo o repórter, não havia concorrência. Sandra Corveloni, paulista? Nem pensar.
Acontece, é bom que se diga, que Angelina Jolie era a atriz principal de um concorrente hollywoodiano - The Exchange, de Clint Eastwood.
Bem, aconteceu o que Fonseca não esperava. O júri de Cannes premiou Sandra Corveloni. Melhor atriz do Festival.
Na segunda-feira, de ressaca moral, Rodrigo Fonseca anunciou os premiados e escreveu um pequeno box, com um tímido perfil da brasileira vencedora. No texto da matéria principal, ele falou que "Audácia é o adjetivo ideal para descrever as decisões do júri" (sic).
Qualquer dicionário da Língua Portuguesa que você consultar esclarecerá que "audácia" é um substantivo, não um adjetivo. Mas para saber disso os bons redatores não precisam consultar dicionário algum. O repórter estava mesmo atordoado.
Jornalismo colonizado, reverente ao cinema hollywoodiano. Não tem conserto.
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