Quem tenta visitar a Biblioteca Nacional de Brasília, inaugurada com toda a pompa pelo presidente Lula em dezembro, esbarra em dois policiais militares que guardam a porta do edifício. É proibido. Só é possível conhecer uma pequena sala à esquerda da entrada, onde está montada uma desinteressante exposição de fotografias pertencente ao Arquivo Público do DF.
A Biblioteca Nacional, edifício de cinco pavimentos, com 11.500 metros quadrados, está literalmente vazia, três meses depois de sua inauguração e suposta abertura ao público. Deverá contar com um acervo de 500 mil volumes. Teoricamente - porque nenhuma autoridade se dispõe a informar de onde virá esse acervo, quando virá, se virá. Enquanto isso, o secretário de Cultura do DF, Silvestre Gorgulho, a quem cabe (também teoricamente) a administração da Biblioteca, discute com o Ministério da Cultura um projeto comum para "tornar Brasília a capital cultural do Brasil" e com o Ministério da Ciência e Tecnologia a criação de um acervo digital.
Emir Suaiden, diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), instituição vinculada ao Ministério, já deu uma aula aos 16 secretários do GDF sobre a futura (?) Biblioteca Nacional Digital, um projeto que, segundo ele, "viabiliza a implantação de um centro de inclusão social numa biblioteca onde o virtual, o digital e o bibliográfico funcionarão em harmonia".
Enquanto as autoridades discutem idéias e propostas, o elefante branco dorme. O edifício faz parte do Complexo Cultural da República, que custou R$ 110 milhões ao Governo do Distrito Federal. O outro edifício, inaugurado no mesmo dia, é o Museu da República. Segundo o governo local, sua missão é incluir a cidade no circuito nacional e internacional de exposições. Conta com sistema de climatização e dois auditórios, além de salas para restauração de obras e laboratórios. Por enquanto, está ocupado com uma exposição de fotos de projetos do arquiteto Oscar Niemeyer ao redor do mundo.
O Complexo faz parte do projeto original de Brasília, de autoria de Niemeyer, e ocupa a ala sul da Esplanada dos Ministérios, próximo à Catedral Metropolitana. A ala norte ainda está vazia, o que por enquanto não faz grande diferença.
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