[hiatos] PALAVRAS DE ANGÉLICA

Convivo com Angélica Torres Lima, desconsiderando os hiatos, há alguma coisa próxima dos 30 anos. O jornalismo nos aproximou, na redação de algum jornal da Brasília dos anos 80, e a poesia nos fez amigos. Angélica é poeta sensível, um dos nomes mais importantes da poesia construída nessas poucas décadas da formação cultural de Brasília. Por isso, fiquei tomado de orgulho ao ler a bela mensagem que ela me enviou, com suas impressões sobre meu livro recém-lançado, o Hiatos. Reproduzo abaixo e agradeço suas palavras. 

"Que belo livro, Alexandre. Hiatos é o seu melhor, para mim, até agora. Você tem a dizer e diz com a profundidade que se espera de um poeta. Mais ainda: um poeta com tempo de rua e de estrada, arenosa, pedregosa mas também interestelar. Seu duelo com o presente, o passado e o futuro dialoga com os hiatos da matéria animal, vegetal, mineral e cósmica de quem te lê, ou seja, não há pra onde correr. A identificação é flagrante. É um espelhamento do vazio, da solidão, do deserto, das ruínas, da perplexidade existencial que carregamos, sem atenuantes convincentes.

E ao final se confirma: Hiatos é um poema só, o que a meu ver é prova de maturidade poética mas também humana e cidadã – portanto, tenho que dizer isso, você fez bem em não abordar o grande momento nacional. Assim o que fica em essência é o denominador comum de uma cosmogonia partilhável, de novo ressaltando o Um que irmana leitor e poeta, essa espécie de gol do verso.

Li com admiração e prazer e te abraço com a antiguidade da nossa amizade. 

Angélica Torres Lima

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